sobre
trabalhos
Série Oferendas (2020-)
Intervenção urbana
Dimensões variáveis
Folhas, galhos, esterco, sementes coletadas.



Bombas de sementes (argila e sementes de ipê, mucuna, munguba, falso pau-brasil, abóbora, mamona) que foram plantadas no interior de “Oferenda”.

“Oferenda” surge de uma ritualização da experiência do plantio de espécies que guardo num banco pessoal de sementes. Como um berço cuidadosamente preparado para deitar uma criança, monto um tipo de ninho que será o lugar onde essas vidas dormentes despertarão. Planejo a realização de outras oferendas pela cidade, em terrenos baldios, agroflorestas, quintais de casas, sempre aos pés de árvores, como um simples agradecimento à existência delas como mantenedoras de segredos florestais.
Sementes crioulas são como pequenos tesourinhos e valem muito mais do que qualquer moeda de metal. Elas são variedades não transgênicas adaptadas às condições de cada região e todos os dias são colocadas em risco pelo lobby devastador do agronegócio que está convencendo as pessoas através de propagandas milionárias que está tudo bem consumir comida com veneno ou que precisamos recorrer ao “melhoramento genético” para solucionar o problema da baixa produtividade. Há famílias de pequenos agricultores que cultivam as sementes crioulas há gerações, cujo valor nutricional é muito maior se comparado ao de uma planta que foi bombardeada de NPK, cresceu sem “pragas” (que em agroecologia chamamos de bioindicadores) de forma rápida em uma estação do ano não propícia, num ecossistema empobrecido pela monocultura.




(abaixo) Oferenda Um (2020)
Trabalho realizado no I Ciclo de Residências Artísticas Arte e Natureza na Fazenda Santa Fé, Fazenda Santa Fé, Rio de Janeiro, RJ