sobre
trabalhos
Empresto meu corpo a uma prática ancestral de fazer ver a vida nos lugares onde tempos atrás ela fora tolhida. Num ciclo interminável e eterno de reconfigurar a matéria, enterro a substância orgânica que os vermes hão de misturar em seus pequeninos corpos. Antes que o filodendro absorva o sal da terra, abro e revolvo e enterro e contemplo parte do ser que fui há milhões de anos. Nas minhas palmas há calos dignos de zombaria, pois são crianças engatinhando perto de mãos anciãs, cuja gastura já se encarregou de apagar as impressões. Mesmo assim, tento ir e gozar duma vida sem medo nesses rumos incertos e ocupar com membros, troncos, cabeças, copas e corpas, me fortalecendo, primeiramente, do saber cru e do sabor complexo da floresta.

Primeiro exercício performático, “Esforço” foi pensado para funcionar ao vivo e durar algumas horas. Devido às condições pandêmicas, recorrer ao vídeo possibilitou o acompanhamento de gestos recorrentes na minha vida: o manuseio de ferramentas agrárias e a meditação ativa através de uma ação que considero uma forma de expandir a resistência do corpo e do espírito.
Esforço (2020)
Videoperformance
5'47''